Se você nunca tinha ouvido falar sobre a Gruta do Janelão ou o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, bem-vindo ao time. Eu também não conhecia.
Mas quando eu recebi o convite do Governo de Minas Gerais, através da SETUR-MG, para conhecer algumas grutas de Minas, logo fiquei animado. Eu sempre adorei visitar cavernas e acho altamente cinematográficas.
Em nenhum momento, porém, eu tinha ideia do lugar absolutamente espetacular que eu iria visitar. A Gruta do Janelão é de tirar o fôlego, com beleza e grandiosidade impressionantes. São salões imensos e grandes espeleotemas. A maior estalactite do mundo se encontra lá.
Saiba a seguir um pouco mais sobre o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, como chegar e como funcionam as trilhas dentro do parque.
A Incrível Gruta do Janelão – Parque Nacional Cavernas do Peruaçu
Conheça uma das cavernas mais impressionantes do Brasil, situada no norte do Estado de Minas Gerais
Chegamos diante da entrada da Gruta do Janelão, uma fenda imponente que se abre para um novo lugar que estávamos prontos para conhecer. Assim que eu vi aquela vista, já parei para uma foto e, confesso, sou daqueles que demoram um pouco pra fazer o registro.
O guia e o resto do grupo já estavam lá na frente, em outro mirante onde há alguns bancos de madeira para descansar. Já me apressei para alcançá-los e descobri, afinal, que esse novo ponto de vista era ainda melhor que o anterior.
E foi assim durante toda a trilha da Gruta do Janelão. A cada cenário, uma surpresa e uma vontade de ficar contemplando alguns minutos. Mas na sequência, havia sempre algo ainda mais impactante. Ainda bem que existem os guias para fazer a gente se mover adiante e descobrir todos os lugares incríveis que você precisa conhecer nos atrativos turísticos.
1 – Como Chegar no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu
A Unidade de Conservação Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, foi criada em 1999. A área do parque é bem vasta, são 56.400 hectares abrangendo 3 cidades: Januária, Itacarambi e São João das Missões, todas na região norte de Minas Gerais.
Mas a entrada do parque fica mais próxima de Itacarambi, uma pequena cidade às margens do Rio São Francisco.
Para chegar no Peruaçu, que fica no norte de Minas Gerais, é preciso pegar um vôo para Montes Claros. De lá, pegamos outro transporte até Itacarambi. A distância a partir de Montes Claros é de 230km ou cerca de 3h de carro.
Existe a opção também de ir de ônibus, a partir de Montes Claros. Quem opera o trecho é a Transnorte, e o ônibus sai às 10h e custa R$ 57,10 (referência: abril/2017).
Parque Nacional Grande Sertão Veredas
Chegar no Peruaçu é um pouco distante sim, não vou negar. Mas vale a pena.
Ainda mais que você pode conhecer outras atrações no entorno, como fazer passeios de barco no Rio São Francisco ou conhecer o Parque Nacional Grande Sertão Veredas (só o nome já me inspira). O Parque Grande Sertão Veredas é uma referência à obra de Guimarães Rosa, e muito dela e dos lugares que o autor relata, podem ser vistos pessoalmente. O parque é uma das maiores unidades de conservação do bioma cerrado no Brasil.
Confira ese vídeo que fala mais sobre o Mosaico de Conservação, Cultura e Produção Sertão Veredas Peruaçu.
Mas o Grande Sertão Veredas ainda não se encontra tão bem estruturado como o Cavernas do Peruaçu. O único acesso de estrada asfaltada é a pelo município de Arinos e para percorrer o parque internamente, é preciso veículo 4×4.
Circuito Velho Chico
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu faz parte do Circuito Turístico Velho Chico.
Além dos passeios de ecoturismo para ver as formações rochosas, quem visita a região tem várias opções de passeio de barco, para contemplar o Rio São Francisco e suas comunidades ribeirinhas, como os vazanteiros e quilombolas, por exemplo.
Confira a seguir algumas atividades que podem ser realizadas na região:
- Trilha Ecológica e Visita a Gruta do Tatu: Januária/MG
- Buraco do Cipó: Itacarambi/MG
- Trilha Ecológica e Visita ao Vale do Gaim: Cônego Marinho/MG
- Caminhos da Serra: Itacarambi/MG
- Passeio de Barco do Velho Chico: Itacarambi/MG
- Rapel sobre o Rio São Francisco: Januária/MG
- Trilha Ecológica e Visita a Gruta dos Anjos: Januária/MG
- Lazer, História e Cultura no Rio São Francisco: São Francisco/MG
2 – Onde Ficar: Itacarambi
Nós ficamos hospedados na Pousada Camaleão, em Itacarambi. A pousada é bem funcional, sem muito luxo, mas até rola uma piscina. Os quartos são amplos e bem estruturados, com ar condicionado, televisão e frigobar.
Mas uma das coisas que me encantou na Pousada Camaleão é que ela fica às margens do Rio São Francisco. De noite, o visual do céu estrelado estava lindo, mas o nascer do sol foi incrível. Acordei às 5h30 para registrar o espetáculo.
E a água do rio corre bem tranquila, aliás até menos cheia do que o rio precisaria estar. Alguns trechos do Velho Chico estão assoreados.
A cidade de Itacarambi é pequena, tem uma praça mais movimentada, com várias esculturas de animais da região e onde também jantamos, no Restaurante do Chico. O jantar foi de piau e surubim, dois peixes encontrados na região. Outra opção de refeição que curtimos foi na Cantina Mineira, comida caseira e bem servida.
Além de Itacarambi, também existem algumas opções de hospedagem na comunidade do Fabião, a localidade mais próxima da entrada do parque.
3 – Como Circular
Apesar de ser possível chegar nas cidades de ônibus, para chegar no parque é preciso ir de carro, próprio ou alugado. A estrada até lá é um pouco complicada, de terra firme mas muito esburacada.
Mesmo para quem vai de carro, é preciso contratar um guia credenciado. São mais de 42 condutores ambientais habilitados. O pessoal é da comunidade do Fabião, que fica no entorno do parque.
Agende com antecedência
É importante fazer o agendamento com 3 dias de atencedência, através do e-mail [email protected] ou através de formulário no site do ICMBio.
Nosso guia foi o excelente Leidson dos Reis Nunes, que trabalha no Roteiros do Velho Chico – RVC. Você também pode entrar em contato por e-mail [email protected] ou telefone. Para quem não tem carro, o RVC também pode providenciar o veículo para fazer o passeio.
Os valores podem girar de R$ 30,00 a R$ 216,00 por pessoa, dependendo do número de pessoas no grupo. Com transporte incluso, os preços aumentam para de R$ 55,00 (17 a 24 pessoas) até R$ 275,00 (1 pessoa) – referência: abril/2017.
Antes de chegar no início da trilha, é preciso passar pelo ponto de controle do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Nós assinamos um livro e conversamos com o Rafael Pinto, funcionário do ICMBio que administra o parque.
Ele comentou que o parque tem crescido muito e passou de 600 visitantes, em 2014 (quando o parque terminou de se estruturar) para 4 mil pessoas em 2016. As condições das trilhas, todas sinalizadas, com degraus e troncos para auxiliar no caminho, são excelentes.
Entramos nos domínios do Parque Nacional. Do ponto de chegada até o Centro de Visitantes do Janelão, vão mais quase 60 minutos de carro.
4 – Centro de Visitantes do Janelão
Afinal, depois de um pouco de sacolejo, chegamos no Centro de Visitantes do Janelão, uma casa com banheiro e estacionamento, onde é possível fazer uma paradinha rápida. A casa supostamente deveria ter lanchonete, mas estava fechada.
Mas foi ótimo fazer essa paradinha antes de começar o Caminho da Gruta do Janelão, que possui 4.800 metros ida e volta. O desnível é de 110 metros, ou seja, a trilha envolve um tanto de subidas e descidas. Por conta disso, o caminho tem grau de dificuldade semipesado.
Eu considerei o nível da trilha moderado. Apesar dos trechos de subida serem cansativos, a trilha está super bem estruturada então acaba sendo bem mais fácil percorrê-la.
5 – Caminho da Gruta do Janelão
Nosso guia Leidson estimou 2h para cada trecho da trilha (ida e volta). Isso assustou um pouco de início, mas na realidade boa parte da caminhada já é na própria caverna, então passa super rápido enquanto a gente admirava galerias de tirar o fôlego.
O trecho inicial da caminhada envolve alguns trechos de mata fechada e algumas passarelas de madeira, mas bem tranquilo.
Sítio Ateliê Janelão
Chegamos num ponto de arte ruprestre e ficamos encantados com o estado de conservação.
É possível chegar pertinho, mas há algumas divisórias protegendo as pinturas. Também por isso a necessidade de um guia para conduzir o grupo, já que sem acompanhamento, o lugar poderia sofrer depredação ou pixações (acreditem, elas acontecem de fato).
Depois da primeira parada, voltamos para o caminho e num piscar de olhos chegamos na entrada da Gruta do Janelão.
Primeiro Mirante
Ainda fora da caverna, avistamos um grande portal de cerca de 100 metros de altura, que é um convite e tanto para entrar na gruta. Lembra quando comentei no início do texto que fiquei parado tirando algumas fotos enquanto o povo já estava lá na frente? Foi aqui.
O visual é de tirar o fôlego, mas era só o início. Por ali, vale a pena tirar uma foto e a dica é sempre fotografar com alguém na imagem, para que preserve a proporção e retrate a grandiosidade da formação.
Ali no mirante (assim como em outros pontos), existem bancos de madeira onde é possível descansar, beber água (traga a sua) e fazer algum lanche.
O guia alerta que tudo tem que ser levado de volta, até mesmo o lixo orgânico. Animais podem comer os restos de alimentos e se acostumar com um tipo de comida que não encontrará posteriormente no Parque.
Entrando na Caverna
Hora de colocar os capacetes. Por questão de segurança, toda a caminhada dentro da caverna deve ser feita com os capacetes na cabeça.
Descemos alguns degraus e vamos entrando na imensidão da caverna. A Gruta do Janelão é iluminada por imensas clarabóias naturais, ou fendas no teto que deixam a claridade entrar.
Uma das clarabóias mais famosas é a Clarabóia do Coração, pois sua forma se assemelha a um coração.
Conforme vamos entrando, cada paisagem que se apresenta é de um cenário que parece de outro planeta.
Cogumelos Vermelhos
Um dos momentos mais impressionantes é quando vemos alguns espeleotemas, alguns deles vermelhos e em forma de cogumelos. Mas existem vários formatos, todos impressionantes, vale parar e observar com calma.
Rio Peruaçu
No percurso, atravessamos duas vezes o Rio Peruaçu, mas o rio é bem rasinho e eles colocam algumas pedras para não pisarmos na água. Não é permitido entrar na água e todo o caminho deve ser percorrido dentro de área delimitada.
Fique atento, no chão você pode ver formações muito interessantes também, por isso o caminho somente na área própria deve ser seguido à risca.
A caminhada prossegue por cenários e salões cada vez mais cinematográficos até terminar no Buraco dos Macacos (nesse trecho há uma prainha, com areia e tudo, mas novamente, cuidado para não sair da área demarcada).
Ali é possível ver a Perna da Bailarina, considerada a maior estalactite do mundo, com cerca de 28 metros de altura. Vale pela curiosidade, mas a estalactite fica bem no alto e não chega a ser um dos pontos mais interessantes da caminhada. Vale somente pelo feito de ser a maior do mundo.
O passeio da RVC não inclui água ou lanche, mas é muito bom levar. Já os capacetes são levados pelo guia e entregues no início da trilha.
O caminho de volta para fora da caverna inclui muito mais subida e, portanto, é mais cansativo. Por isso um lanchinho antes de voltar é recomendável.
6 – Lapa dos Desenhos
Voltamos para o Centro de Apoio Janelão e seguimos para a próxima trilha, até a Lapa dos Desenhos.
O caminho é super rápido e fácil, são 2.600 metros ida e volta, com tempo aproximado de 1h30.
As pinturas da Lapa dos Desenhos são ainda mais interessantes do que as do Janelão, em maior quantidade, cores e visibilidade.
O caminho vai percorrendo o leito do Rio Peruaçu e fica no meio do Cânion do Vale. Além do cânion, o ponto final é um imenso paredão, com uma quantidade impressionante de arte rupestre, em excelente estado. As inscrições mais antigas podem ter 9 mil anos e as grutas foram ocupadas há 12 mil anos.
Fim do Caminho
Hora de voltar. Chegamos no parque por volta das 9h e terminamos as duas trilhas às 5h, fazendo com bastante calma e várias (longas) paradas para fotos.
O balanço final é de um lugar imperdível, que surpreendeu todo o nosso grupo. Nunca tinha visto um lugar tão impressionante em suas dimensões e na diversidade das formações, com até florestas dentro da caverna (por conta da abertura de luminosidade de suas clarabóias). A cada curva, a gente ia ficando mais impressionado e admirado com a paisagem.
E pensar que eu nunca tinha ouvido falar naquele lugar fabuloso, faz a gente pensar em quanta beleza ainda está desconhecida no nosso Brasil. Mas quando dá, é um prazer enorme descobrir novos lugares espetaculares e cinematográficos no nosso país, ainda melhor em Minas Gerais.
FICHA TÉCNICA:
Passeio: Gruta do Janelão
Direção: Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Norte de Minas Gerais
Produção: R$ 30,00 a R$ 275,00 por pessoa, dependendo do número de pessoas no grupo e do transporte incluso ou não
Fotografia: Fabio Pastorello
O melhor: A grandiosidade do lugar é impressionante, mas o diferencial é combinar as caraterísticas de uma gruta, mas com a claridade natural vinda das clarabóias
O pior: Chegar lá não é fácil por causa da distância, trajeto envolve ir até Montes Claros e de lá ainda pegar mais 3 horas de estrada até o parque
Ano: 2017
País: Brasil
Avaliação: ★★★★★
Nota: O Viagens Cine viajou para Minas Gerais a convite da SETUR-MG, mas nossas opiniões são independentes e resultado de nossa experiência no local. A press trip foi acompanhada dos blogs Boralá e Trilhas e Aventuras e da Revista Viajar pelo Mundo.
14 Comentários
Post maravilhoso que representa muito bem esse lugar.
Que máximo Thalita, muito obrigado pelo comentário.
Completamente encantada! Já esta nainha lista!
É o máximo Laura. Abraços.
VISITE A CAMPANHA PERUAÇU UNESCO. FÁBIO SEU POST FOI PUBLICADO NA CAMPANHA.
http://www.facebook.com/peruacu.unesco.9
Que máximo, sucesso na campanha!!!
Parabéns pelo post!!! Sou mineira e não sabia desse parque! Já estou programando para conhecer!!!
Que legal Juliana. Vale muito a pena, você vai adorar!
Ficou maravilhoso o post!
Rico em detalhes… lindas fotos… Parabéns!
Saudade dessa viagem 🙂
Puxa, vindo do mestre, o elogio tem mérito ainda maior. Obrigado Mauricio pela companhia e por todas as fotos! Foi demais!
Foi realmente um ótimo convite, essa beleza toda tem mesmo que ser muito divulgada.
Valeu Fábio, parabéns pelo post (fotos e texto incríveis)!!
Muito obrigado Lucas. Quando estiver no Brasil, me avise para a gente tentar marcar alguma coisa. Abraço grande!
Que lugar incrível! Preciso muito conhecer e apreciar esta maravilha da natureza!!!
É maravilhoso Alessandra, recomendo demais!!!