Chegamos em Aracruz, litoral norte do Espírito Santo. A cidade é famosa por possuir algumas das praias mais belas do litoral do Espírito Santo.
Estacionamos o carro em um lugar que parecia ter parado no tempo. A pacata Vila de Santa Cruz estava praticamente deserta.
É notório que não estamos mais no agito e na estrutura do litoral sul do Espírito Santo. Aqui no litoral norte, as coisas são um pouco mais rústicas e bem mais tranquilas.
Eu e Márcio, motorista da SETUR-ES que me acompanhava na expedição pelas praias do Espírito Santo, descemos do carro. Eu para um lado, ele para o outro, como se pudéssemos povoar o vazio do centro de Vila Cruz. Algumas pessoas sentadas em bancos, um barco fazendo a manutenção na areia, o comércio ainda fechado (ainda era 9h da manhã), o rio tranquilo.
Caminho até um pier, diante do rio Piraquê, que corta boa parte do município. Dia nublado, tento exercitar meu olhar para tirar beleza de um cenário com nuvens escuras. Como encontrar praias belas num dia tão nublado?
O que fazer em Aracruz – Litoral Norte do Espírito Santo
De uma aldeia indígena para as sombras de uma castanheira, um dia pelas praias e pontos turísticos de Aracruz
Afinal, chegam Luã e Roberto, dois representantes da Prefeitura, que vieram nos mostrar um pouco de Aracruz.
Pela conversa, já deu para notar que uma das coisas interessantes para fazer em Aracruz, é visitar era uma aldeia indígena. Aracruz é o único município com índios aldeados no Espírito Santo: 2 etnias (Tupinikim e Guarani) e 9 aldeias. Os tupinikins já perderam algumas de suas características culturais, mas os guaranis permanecem com língua, artesanato e manifestações culturais próprias.
Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi
Antes de visitar a aldeia, fomos conhecer a EBMAR – Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, uma escola de ecologia, principalmente dedicada a pesquisas e educação. A EBMAR foi fundada na década de 60 por Augusto Ruschi e posteriormente administrada por seu filho e ambientalista André Ruschi, falecido em 2016.
Na chegada, uma fileira de bebedouros atraem inúmeros beija-flores. Como são muito rápidos, é bastante difícil fotografá-los. Eles podem chegar até a 90 vibrações por segundo e 60 km/hora. Augusto Ruschi foi um dos pioneiros no estudo dos beija-flores e desenvolveu o método de alimentação em guarrafinhas.
O lugar funciona mais como um espaço de visitação didática, em trilhas que apresentam alguns ecossistemas típicos, como as restingas, o mangue, a floresta de tabuleiro e praia. Luã me leva até o neto de Augusto, Gabriel Ruschi, que está no fundo de um poço fazendo algumas obras. Conversamos um pouco, mas resolvemos deixá-lo seguindo nas benfeitorias no local.
Praia de Gramuté
Quase em frente à Estação, visitamos uma das praias mais insólitas que eu já conheci, a Praia de Gramuté.
Como era maré baixa, deu para caminhar por arrecifes com muita vida envolvida, como algas, crustáceos, estrelas do mar, entre outras. Gramuté vale pela originalidade e por essa oportunidade única de conhecer um ecossistema tão peculiar.
Caminhe para o lado direito por dentro da vegetação e das pedras, para conferir visuais ainda mais especiais.
A praia é um pouco escondida e faz parte da APA – Área de Proteção Ambiental Costa das Algas. Um paraíso a ser descoberto, mas principalmente preservado.
Aldeia Indígena de Três Palmeiras
Chegou a hora de visitar a Aldeia Indígena de Três Palmeiras, de etnia guarani. Foi a primeira vez que eu visitava uma aldeia.
É diferente entrar num lugar de cultura diferente da sua, calculo bem os gestos com receio de cometer alguma gafe cultural. O cacique chega e nos cumprimentamos, Luã intermedia a conversa.
Conforme a conversa avança, descobrimos que por ali teriam sido gravados dois filmes: Como a Noite Apareceu e O Eremita, dirigido pelo ator da Rede Globo, Chay Suede. Estar numa aldeia indígena é, de qualquer forma, cinematográfico.
O lugar é bastante simples, possui algum artesanato, ocas indígenas e os índios, lógico. Mas já vivem com peças de roupas da nossa cultura, calças jeans, camisetas, shorts. Mas vez por outra é possível algum traço indígena nos adereços e, lógico, na sua própria aparência.
Para agendar uma visita, entre em contato com o Cacique da Aldeia Três Palmeiras, Pedro: (27) 99606-2754.
Praia dos Padres – Aracruz
Nosso próximo destino foi a Praia dos Padres (em Guarapari, também havia uma praia com esse nome, não confundir).
Eu ainda estava um pouco desolado por causa da falta de sol, mas eis que assim que pisamos na Praia dos Padres, o sol resolve dar as caras, ainda que entre nuvens. A praia, em si, tem uma areia de coloração amarelada, quase solar.
Nós paramos na altura do Bar Bacutia. O nome não é gratuito. No canto esquerdo dessa praia, a frequência de gente bonita e sarada seria a mesma da Praia da Bacutia, em Guarapari. Mas como tudo naquela segunda-feira de manhã, a Praia dos Padres estava mais tranquila do que um lugar religioso.
Fui caminhar um pouco e fiquei animado com algumas piscinas naturais, arrecifes e com alguns coqueiros à beira mar, que renderam bonitas fotos.
Barra do Sahy
A próxima praia, a Praia da Barra do Sahy, porém, rendeu as melhores imagens. A praia tem 3km de extensão e um calçadão e vários bares e quiosques. É a praia mais agitada de Aracruz.
Luã me perguntou se eu preferia um trecho da praia mais deserto ou o mais movimentado. Obviamente, preferi o deserto, e caminhei por mais um trecho de areia, em que se destaca a cor dourada das areias capixabas.
A vegetação de restinga e as castanheira compõem um visual bem natural. No final do dia, algumas árvores com a coloração do outono traziam um colorido incrível para o cenário.
Daquele início da Vila de Santa Cruz, passando pelos ágeis beija-flores, pela praia com mangue ou pelas praias de arrecifes, a tranquilidade e as belezas naturais reinaram absolutas. E apesar de toda a tranquilidade daquele dia, senti falta de ver uma Aracruz mais povoada, só para saber como afinal deve ser aquele lugar no verão.
Nos despedimos do pessoal de Aracruz e voltamos para o carro. No caminho de nossa expedição, ainda tínhamos mais praias pelo caminho.
Leia mais sobre a Ilha de Guriri
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Aracruz
O blog Viagens Cine contou com o apoio logístico da SETUR/ES – Secretaria de Turismo do Espírito Santo. As opiniões aqui expressas representam nossa livre opinião sobre os lugares visitados.
Leia também:
- Praias do Litoral Norte – Aracruz no Capixaba na Estrada
- Praia de Gramuté – Você Conhece? no Guia & Turismo
15 Comentários
sou capixaba de nascimento. vim para o rio de janeiro com 13 anos, mas amo o espirito santo e suas belas praias. nasci em santa cruz, perto do rio do sauê. as praias do norte são : coqueiral, sauê, putiri, saí, barra do riacho, comboio, etc, ect. os arrecifes são o ponto maior com piscinas naturais e lagoas de agua doce. mangues ( não sem se ainda tem ) e o melhor de tudo: moqueca em panela de barro no fogão a lenha.quem for no espirito santo e não comer uma moqueca é como ir a roma e não ver o papa, é como ir no rio e não ir no cristo. quer tirar uma foto bonita na praia? vá a noite e veja a lua cheia gigantesca nascendo no mar. isso ocorre só lá. é de tirar o folego. visite a lagoa de juparanâ, mas cuidado com a mãe dágua ou o caboclo dágua. um abraço.
Olá meu amigo, muito obrigado pelo seu bonito depoimento. Abraço grande!
Oi! Amei o post e achei muito legal o seu blog!
Obrigada pela dica!
Renata
Que máximo Renata. Muito obrigado pela sua mensagem. Abraços.
Estou louca pra ir conhecer;gostaria de fica em coqueiral mais não estou encontrando posadas.
As praias do meu município são maravilhosas!
São mesmo, Marcelo. Obrigadão pela visita!
Que delícia esse cantinho do Espírito Santo. Bateu vontade de voltar e conhecer esse litoral cheio de belezas.
É uma delícia mesmo, quem sabe não voltamos juntos numa próxima vez. Beijos.
Aracruz é mesmo linda! Visitei a aldeia uma vez, é um programa bem interessante e rico culturalmente.
Que máximo, obrigado pela inspiração Deivson. Foi através do Capixaba no Estrada que conheci Aracruz. Abraços.
Parabéns Fábio pela abrangente matéria.
Eu mro na rua da balsa que fica do lado oposto de santa cruz e também é um lugar lindíssimo e bucólico,mas temos muitos problemas com a grande quantidade de Lixo que se acumula na praia,restinga e mangue e para que isso não evolua estamos procurando envolver os amigos numa ação preservacionista e gostaria de contar com seu apoio em solicitar a algum órgão do governo que nos apóie com o mínimo.
Jeferson Melo Gonçalves
Ok, Jeferson. Fica registrado aqui o seu alerta. Abraços.
O Professor Doutor André Ruschi é falecido e a Estação de Biologia é administrada pelo filho Gabriel Ruschi
Obrigado pela informação, Mario. Acabei me confundindo nos nomes, mas já corrigido. Grande abraço.