Provavelmente a primeira vez que conheci o Atacama foi através de fotos do Vale da Lua e do Vale da Morte (ou Valle de la Luna e Valle de la Muerte). Esse é um dos passeios mais populares do Deserto do Atacama.
A razão é que esses vales são próximos de San Pedro do Atacama, a cidade base para explorar o deserto. Tão próximos que em passeios de meio período já é possível conhecer e explorá-los. Muita gente já encaixa esses lugares no dia da chegada por lá.
Para ser sincero, a gente acaba não dando muito valor para o que é fácil. Na minha cabeça, o Valle de la Luna e Valle de la Muerte seria um dos passeios mais fraquinhos para se fazer no Atacama. Não podia estar mais enganado. O lugar é tão incrível e cinematográfico que penso que o meio período não é o suficiente para absorver todas as belezas e atrativos do lugar.
A ideia do Trekking Luna e Morte oferecido pela FlaviaBia Expediciones acaba sendo uma proposta bem legal para quem quem conhecer esses lugares com um pouco mais de profundidade. E profundidade aqui é no sentido literal da coisa mesmo, já que mergulhamos para o fundo desses vales do Atacama.
Valle de La Luna e Valle de La Muerte – Trekking no Atacama
Conheça o Vale da Lua e o Vale da Morte, dois lugares em um dos passeios mais conhecidos e imperdíveis do Deserto do Atacama
O passeio até o Valle de la Luna e Valle de la Muerte, no Deserto do Atacama, é um tour que tradicionalmente começa no final de tarde (por volta das 16h) e segue até o pôr do sol. É o melhor lugar para conferir o final do dia no Atacama de uma forma cinematográfica.
Mas no final das contas, o tour que começa às 16h acaba sendo um pouco breve e pode não ser suficiente para conhecer bem esses lugares.
Como alternativa, a proposta da FlaviaBia Expediciones (nossa parceira nessa viagem ao Deserto do Atacama) é um trekking pelo Valle de la Luna e Valle de la Muerte que permite conhecer e vivenciar com maior profundidade esses dois lugares incríveis.
Acabamos realizando esse tour não no primeiro dia de viagem, como a maioria das pessoas. Deixamos para o penúltimo dia de viagem, que era bem no dia do meu aniversário.
Aniversário e eu fui logo escolher um trekking no deserto? Pois saibam que foi um dos dias mais especiais de nossa viagem no Deserto do Atacama.
Antes mesmo de chegar em San Pedro de Atacama, cidade base para fazer os passeios, entre em contato com o pessoal da FlaviaBia Expediciones por esse formulário de contato e peça um orçamento sem compromisso.
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O que você precisa saber antes de ir
- O passeio começa às 15h e termina após o pôr do sol. Vá preparado tanto para o calor como para o frio no final do passeio (temperatura varia de 12ºC a 30ºC).
- Leve bastante água para encarar a trilha e as caminhadas pelo deserto.
- Vá com calçados confortáveis e próprios para trilhas em relevo acidentado. Há um trecho de caminhada pela areia, nessa hora o ideal é tirar os sapatos e caminhar descalço.
- O nível da caminhada é fácil, mas como inclui algumas subidas em altitude, é bem cansativo.
- O tempo total do trekking é de 6 km.
- O tour da FlaviaBia inclui snack de trilha e coquetel no final da caminhada. Uma delícia.
- A entrada no parque custa CLP 6.000,00 (esse valor é pago diretamente no local).
Início do Passeio
Nossos guias foram os já conhecidos Carla e Diego (que nos acompanharam no Geyser del Tatio e Trekking Copacoya).
Partimos da agência às 14h (temos 2 horas a mais para explorar o lugar). Uma das justificativas para que as agências saiam mais tarde é o calor. Viajamos numa época de temperaturas mais amenas, portanto o calor não foi assim tão rigoroso. E sinceramente, enquanto o sol está brilhando, é quente no Atacama.
Confira qual a melhor época no Atacama
O importante ao sair no sol, é levar proteção (protetor solar, chapéu ou boné, óculos escuros) e muita água. Há quem opte também pelas camisas de manga longa com filtro solar, mas nós não usamos e foi tranquilo.
Vale da Lua
A equipe da FlaviaBia nos leva de carro por cerca de 13 km a partir de San Pedro do Atacama. O Centro de Visitantes do Valle de la Luna é bem próximo, em cerca de 15 minutos de carro é possível chegar por lá e fazer o pagamento da entrada, que custa CLP 3.000,00.
Do Centro de Visitantes, porém, ainda é preciso percorrer um longo trecho na área interna do parque até o ponto mais próximo do Anfiteatro do Valle de la Luna.
Veja o vídeo completo do Trekking Luna e Morte no YouTube
Cordilheira de Sal
É Diego quem nos leva para uma entrada rumo à Cordilheira de Sal, que curiosamente, é composta também de gesso. Diego nos demonstra que é bem fácil saber se é sal ou gesso: basta riscar a pedra com o dedo. Caso ela se esfarele, é gesso.
Nossa caminhada explorou a parte superior do Valle de la Luna. A subida foi um pouco íngreme, mas bem rápida. Minha maior dificuldade é na hora da descida, mas ainda bem, o caminho de volta era menos íngreme.
Se por baixo, o visual do Valle de la Luna já impressiona, por cima então, o lugar fica inacreditável.
Anfiteatro do Valle de la Luna
Diego nos apresenta algumas construções curiosas, como o Anfiteatro (suas diversas camadas demonstram diferentes formações da rocha) ou a Duna Maior. Há uma depressão que na época das chuvas (sim, apesar de estarmos no Deserto mais seco do mundo, chove por lá) forma um pequeno lago. As rochas vão criando sulcos por onde escorre a água.
Caminhar pelo alto das colinas e penhascos do Valle de la Luna é impressionante. Noto outros grupos explorando em outras áreas do lugar, e ver aqueles pontinhos distantes caminhando no alto de uma estreita faixa de pedra, é cinematográfico.
Depois de termos explorado o visual de cima, começamos a descida próximo a uma duna.
A descida foi bem suave e tranquila, então o único ponto de dificuldade foi a subida inicial e o sol do deserto, é lógico. Mas caminhamos por trechos quase desertos do Valle de la Luna.
Três Marias e Mina Crisanta
Voltamos para o carro e seguimos para as Três Marias, formações rochosas que se assemelham a três mulheres rezando. Quer dizer, duas. Uma das formações foi parcialmente destruída por um turista querendo tirar uma foto. Hoje a área é demarcada para evitar novos incidentes.
Fomos para o carro novamente e pegamos um trecho bem acidentado para chegar mais próximo da Mina Crisanta. Por ali é possível conhecer e entrar numa casa que era utilizada pelos mineradores e entrar em uma mina (fique em silêncio por alguns momentos para escutar o sal estalando).
Vale da Morte ou Vale de Marte?
Essa primeira parte envolvia pequenas caminhadas, mas a maior parte do Valle de la Luna exploramos de carro. O trekking acontece mesmo a partir do Valle de la Muerte, onde veríamos o pôr do sol.
A entrada no Valle de la Muerte custa CLP 1.000,00 (o valor depende do dia e costuma variar).
Infelizmente acabamos nos atrasando, e a ideia era percorrer toda a borda do cânion do Valle de la Muerte, mas fizemos esse trecho de carro, para termos mais tempo de curtir o resto do percurso.
Cabe a nota: o Valle de la Muerte também pode ser chamado de Valle de Marte e segundo nosso guia, o nome Morte / Marte pode ter sido uma confusão de pronúncia. Enfim, acho que o nome Valle de Marte (que aliás é o nome usado pelo site Chile Travel, de turismo oficial do Chile) parece mais coerente. A paisagem é mesmo de outro mundo. Mas existem ainda algumas outras teorias para o nome do lugar.
Carla foi guiando o carro pela borda do cânion, e confesso que bateu um medo. Em alguns trechos passávamos bem perto do desfiladeiro. Quase um Thelma e Louise. Sorte que estávamos em mãos de uma mulher sem muitos problemas como as protagonistas do filme de Ridley Scott. Ela nos deixou seguros num ponto onde seguiríamos a pé, com o Diego.
Início do Trekking pelas Dunas
Porque não fazer tudo de carro? A realidade é que a maioria dos tours faz uma breve parada de contemplação no Valle de la Muerte. Mas a ideia do trekking é curtir mais tempo e com maior profundidade os lugares. É uma experiência totalmente diferente.
E como descrever a experiência de começar a descer, lá do alto do Valle de la Muerte, por uma duna gigantesca? Por isso falamos que o trekking explora com maior profundidade, no sentido literal mesmo. Descemos até a base do vale.
Por ótima sugestão do Diego, tiramos o sapato e descemos a duna descalços, enfiando fundo o pé na areia. É uma sensação maravilhosa. A duna é um pouco íngreme, mas a dica é sempre apoiar primeiro o calcanhar e depois o restante do pé. Assim você equilibra melhor o corpo.
E nem preciso dizer que chegamos lá embaixo com bastante areia no corpo. No Atacama, areia e terra fazem parte da rotina.
Pôr do Sol no Valle de la Muerte
Continuamos nossa caminhada, agora em terra plana, pelo interior do Valle de la Muerte. No caminho, é possível encontrar algumas pessoas fazendo sandboard nas dunas.
Tivemos que nos apressar, pois o fim do dia chegava rápido demais. O trecho final envolve uma subida bem cansativa. E voltamos para a borda superior dos cânions.
O sol já estava se pondo e acontece aquela surpresa sempre deliciosa nos passeios da FlaviaBia Expediciones. Carla tinha montado uma mesa deliciosa na parte detrás do carro, com sanduíches, petiscos, frutas e doces. E tinha até cerveja. Tudo free (incluso no valor do tour). Depois de toda aquela subida, tomar uma cerveja foi providencial.
Carla tinha outra surpresa e me deu um presente de aniversário: uma garrafa de vinho Undurraga e uma caixa de chocolates.
Posso dizer que fiquei emocionado e dei uma disfarçada pra não chorar? Apesar de adorar passar o aniversário viajando, confesso que no dia bate uma saudade dos amigos e da família querida, e uma tristeza de não estar com eles. Receber esse carinho nesse dia me deixou tocado, até mais do que qualquer cenário cinematográfico. Além de ótimos profissionais, Carla, Diego e toda a equipe da FlaviaBia Expediciones fazem de tudo para deixar nossa viagem ainda especial.
E era nosso penúltimo dia de viagem. Nem preciso dizer que já estava ficando triste de ir embora do Atacama.
Mas foi ainda mais emocionante conferir o pôr do sol no deserto, um visual de tirar o fôlego. Aos poucos, o sol foi tingindo o céu, as montanhas e o vulcão Licancabur, das mais lindas cores.
Um brinde a mais esse momento maravilhoso no Atacama e ao meu aniversário sensacional no deserto.
FICHA TÉCNICA:
Tour: Trekking Luna e Morte
Direção: Deserto do Atacama, Chile
Produção: FlaviaBia Expediciones
Preço: CLP 45.000,00 o passeio básico e CLP 140.000,00 o Trekking Luna e Morte. Valores por pessoa, incluindo coquetel. Entrada CLP 6.000,00 (não incluído, pago diretamente no local em espécie) – referência set/2017
Duração: 14h até pôr do sol, a equipe busca os passageiros no hotel
Fotografia: Fabio Pastorello
O melhor: O lugar parece coisa de outro planeta, realmente é uma paisagem cinematográfica e impressionante atrás da outra
O pior: Estar em um deserto não é brincadeira: prepare-se para o calor e para se sujar um pouco durante o trekking.
Ano: 2017
País: Brasil
Avaliação: ★★★★
Confira nosso roteiro completo dessa
Viagem para o Deserto do Atacama
Leia também: O que fazer no Atacama – Top 10 Melhores Passeios
Nota: A FlaviaBia Expediciones foi nossa parceira nessa viagem ao Deserto do Atacama. Mesmo os passeios sendo uma cortesia, nossas opiniões são sinceras e só compartilhamos experiências verdadeiras.
- Em outros blogs: Valle de la Luna, Tour Clássico no Deserto do Atacama no Seu Mochilão
5 Comentários
Fábio, o que seria o passeio básico, sem o trekking?
Uma curiosidade: Vcs fizeram algum passeio noturno, pois pelo que já pesquisei o céu no Atacama é um dos mais lindos (limpos) do planeta.
Sugerem algo?
Oi Dhian. Fizemos o tour astronômico (no post dos passeios tem as informações lá: https://www.viagenscinematograficas.com.br/2017/12/o-que-fazer-no-atacama-melhores-passeios.html). É realmente imperdível, mas prepare-se para o frio. Abraços.
Maravilhoso! Infelizmente, tiveram um aumento gigantesco de 60000 CLP para 140000 de setembro para cá, agora to tentando ver no orçamento se conseguirei também 🙁
Poxa, que chato Natália. Como é praticamente um trekking exclusivo, acaba sendo mais caro mesmo. Espero que você consiga negociar um valor legal, vale muito a pena. Abraços.