No final de 2013, fui para uma região incrível, situada na divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O lugar é conhecido mais por suas unidades de conservação, como o Parque Nacional de Aparados da Serra, onde fica o não menos famoso Cânion Itaimbezinho.
Mas toda a região é cenário de inúmeros canyons, mais precisamente 64, portanto o local ganhou o nome de Caminho dos Canyons pelo turismo local.
Nossa visita ocorreu a convite da operadora de ecoturismo Rota dos Canyons, que já opera há 14 anos na região. Depois de anos planejando minhas próprias viagens, eu tinha me esquecido um pouco como é conveniente entregar sua viagem nas mãos de uma equipe especializada.
Eu que sempre adoro planejar tudo nas viagens, acabo sempre tornando a viagem uma atividade um pouco menos relaxante do que poderia ser, então é bom vez por outra entregar o planejamento nas mãos de quem entende.
Parque Nacional de Aparados da Serra: O que Fazer – Principais Canyons e Trilhas
O que fazer nos Aparados da Serra: Cânion Itaimbezinho, Cânion Fortaleza e Trilha Malacara
Como Chegar
Para chegar na região dos Aparados da Serra, é preciso pegar um vôo para Porto Alegre. De lá, o acesso é pela rodovia 290, também conhecida como Freeway e posteriormente pela BR-101, que passa pelo município de Osório.
Qual a cidade base
O destino final é a pequena cidade de Praia Grande, no Estado de Santa Catarina. Apesar de localizada em Santa Catarina, Praia Grande fica próximo da divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e fica mais próxima de Porto Alegre.
Para conhecer a região, o visitante também pode escolher a cidade de Cambará do Sul como base, que fica no Rio Grande do Sul.
Os cânions se situam no meio do caminho entre Praia Grande (SC) e Cambará do Sul (RS). Portanto, quem visita a parte superior dos cânions ou suas bordas, está no Rio Grande do Sul. Quem acessa a parte interna dos cânions, ou suas crateras, está em Santa Catarina. Escolher entre Cambará do Sul ou Praia Grande como opção de hospedagem pode também indicar se você estará mais perto para fazer os trekkings nas bordas ou nas crateras dos cânions, mas de qualquer forma é possível conhecer bem a região a partir de qualquer uma dessas bases.
No mapa abaixo, é possível notar a divisa entrecortada dos Estados, com as divisas de Santa Catarina avançando para o Rio Grande do Sul, nas partes mais escuras, onde estão as crateras dos cânions da região.
Como já dissemos, contamos com o apoio da operadora Rota dos Canyons, que fez também nosso transfer de Porto Alegre até Praia Grande, onde ficaríamos hospedados. São pouco mais de 3 horas de viagem em cerca de 210 km, mas as condições da estrada são boas.
No carro, já fiz amizade com duas das primeiras companheiras que conheceria naquela viagem, Carminha e Helena. Mas em determinados momentos, eu ficava mesmo impressionado era com os conhecimentos delas em Biologia, elas sempre tinham algum comentário interessante para falar sobre os lugares que estávamos passando.
Outra coisa que eu havia esquecido nas viagens em grupo: a possibilidade de conhecer outras pessoas, com os mesmos interesses de viagem, mas com diversas e enriquecedoras experiências de viagem para compartilhar.
Escolher um destino influencia no grupo que você irá conhecer na viagem. Determinados estilos de viagem atraem certos tipos de viajante. Roteiros de ecoturismo como o do Caminho dos Cânions atraem um público mais despojado, aventureiro e disposto a caminhar muito. Enquanto em outras excursões, os turistas podem preferir fazer compras do que conhecer uma nova paisagem. Portanto, escolha bem a sua tribo.
Parte 1: Chegada em Praia Grande / Santa Catarina
Chegando em Praia Grande, encontramos uma cidade super decorada para o Natal. Em Praia Grande ocorre o Natal dos Cânions, evento em que a praça principal da cidade ganha diversas luzes e decoração natalina, no estilo de outras cidades como Gramado.
Como estávamos muito cansados, não deu para dar uma paradinha, mas a decoração estava um primor.
Em poucos minutos chegamos na Pousada Magia das Águas, formada por algumas cabanas e muito verde ao redor. Mas já era tarde, e só procurei arrumar as malas em meu quarto e aguardar minhas companheiras de chalé, que estavam vindo em outro carro.
Elas chegaram um pouco mais tarde e se acomodaram no outro quarto do chalé. Sabe quando você conhece uma pessoa e simpatiza logo com ela. Foi o caso das minhas duas colegas de chalé, Jeanne e Suzane, duas irmãs de Porto Alegre.
Acordei às 7h30 da manhã e fui me deliciar com um café da manhã impecável. O pessoal da Rota dos Canyons realmente capricha no café da manhã.
Em 2013, ficamos hospedados na Pousada Magia das Águas, mas eles abriram uma nova pousada, o Costão da Fortaleza Lodge. Tive a oportunidade de visitar a nova pousada, em fase de finalização das obras, e fiquei realmente impressionado em todo o capricho e concepção da nova hospedagem.
Mas o capricho nas refeições e no planejamento da viagem já podia ser conferido onde estávamos hospedados. Naquela manhã, encontramos um café da manhã com opções deliciosas e extremamente caprichado. Todos ficávamos brincando para saber qual era o melhor bolo.
Parte 2: Passeio até o Parque Aparados da Serra
Pouco depois das 8h saímos todos para o nosso primeiro dia de passeios, rumo aos Aparados da Serra. Saímos em diversos carros.
Nem todos que participariam de nosso grupo estavam hospedados conosco, então em alguns casos encontrávamos com os outros participantes em determinados pontos de encontro.
Serra do Faxinal
Para alcançar nosso primeiro destino, é preciso subir a Serra do Faxinal. A estrada é um teste de paciência. No início, tudo parece bem e a estrada é asfaltada. A partir de determinado momento, o asfalto começa a desaparecer e cede lugar para uma estrada de terra ou de pedrinhas.
Em dias de chuva, a travessia se complica. Mesmo em um dia sem chuvas, o terreno acidentado faz o carro trepidar bastante.
Já no caminho, algumas plantas chamaram a atenção de Carminha, minha amiga de passeio. O urtigão é uma delas, uma planta ameaçada de extinção e objeto de projeto na região da serra do Rio Grande do Sul. Nessa região a planta da família das urtigas, que se adapta bem em altitudes de aproximadamente 500 metros acima do nível do mar, encontra condições perfeitas para o seu desenvolvimento. Quanto maior a umidade, maior o seu tamanho. As que vimos na serra eram enormes.
Parque Nacional Aparados da Serra
A região dos Aparados da Serra destaca-se pelas formações de cerca de 700 metros de altura.
A transição das bordas para as crateras é abrupta, característica que explica o seu nome: parece que os cânions teriam sido aparados a faca. Na realidade, foram escavados pela natureza no decorrer de milhares de anos.
O Parque Nacional de Aparados da Serra foi criado em 1959 e conta com mais de 13.000 hectares.
Chegamos lá por volta das 9h30. No início, nosso guia Guilherme parou e deu algumas instruções básicas de conservação para acesso ao parque, como não deixar lixo pelo caminho.
Parece óbvio, mas infelizmente sabemos que não são poucos os lugares naturais no Brasil que são deteriorados pela falta de consciência ambiental de seus visitantes.
Mesmo o que em nossa casa é considerado como lixo orgânico, aqui no parque não pode ser simplesmente descartado. Guilherme nos explica que em alguns dias, o parque pode atingir 1.000 visitantes diários e o melhor mesmo é trazer todo o lixo de volta.
A média de visitantes, porém, varia entre 300 a 400 visitantes nos fins de semana, e 100 visitantes nos dias de semana, mas nos feriados os números aumentam consideravelmente.
Trilha do Cotovelo
Começamos pela Trilha do Cotovelo, a mais longa, cerca de 6.000 metros e podendo levar até 3 horas de duração. A trilha pode ser feita a pé ou de bicicleta (sim, vimos algumas pessoas percorrendo a trilha de bicicleta) e embora extensa, é bem fácil.
No caminho, a dica é apreciar a bela vegetação formada por Mata Atlântica e Araucárias.
Guilherme faz algumas paradas para comentar curiosidades sobre a fauna e flora locais. Em relação às araucárias, por exemplo, eles nos conta que a Gralha Azul, ave que é tipicamente associada a essa árvore, estoca os pinhões (fruto da Araucária) no solo, para se alimentar posteriormente. Daí acabam surgindo novas árvores desse tipo de vegetação.
Cânion Itaimbezinho
Depois de cerca de 30 minutos de caminhada e uma breve parada para ir ao banheiro numa casa no meio da trilha, chegamos ao primeiro mirante do canyon. A vista já é bem abrangente, inclui uma cachoeira e impressiona pela grandiosidade do lugar.
Desse primeiro mirante também é possível avistar o leito do Rio do Boi, onde faríamos uma das trilhas mais famosas e difíceis da região, cerca de 8 horas caminhando e atravessando o leito do rio. Guilherme explica que a caminhada vai ficando cada vez mais perigosa conforme o cânion se afunila. Em caso de chuvas ou enxurradas, o leito pode subir rapidamente.
A trilha continua pela borda do cânion, com vários pontos de vista. Eu fiquei tirando fotos e filmando, e acabei ficando para trás. O lugar é tão grandioso que você se perde um pouco no que fotografar. Meus registros acabaram sendo os mais abrangentes, mas gostaria de ter tido um pouco mais de tempo para fazer registros mais particulares da região.
Continuamos a caminhada e em todo momento eu fazia pequenas paradas para fotografias e ângulos de filmagem diferentes do lugar.
No final da trilha, fizemos uma parada para descanso, onde aproveitei para pedir um retrato meu no cânion. Afinal, também queria um registro ali naquele lugar.
Trilha do Vértice
Retornamos para a entrada do Parque, onde começamos a segunda trilha, a Trilha do Vértice, por volta das 11h30. Essa trilha me pareceu ainda mais rápida e corrida do que a anterior. Assim como a Trilha do Cotovelo, possui nível fácil e alguns mirantes de madeira para observar a paisagem.
De início, passamos por um interessante trecho numa mata absolutamente inusitada. Aparentemente, estávamos entrando num reino encantado ou no cenário do “Senhor dos Anéis”. Esse é o trecho mais fácil da trilha, algumas partes são asfaltadas.
Depois, paramos em um mirante que se encontra bem acima de uma das cachoeiras da região, a Cascata das Andorinhas. Aqui, o ponto de vista é limitado, mas a sensação mesmo é ouvir o barulho da cascata caindo na cratera do cânion.
O próximo ponto é o vértice, que da origem ao nome da trilha. Nesse ponto é possível visualizar a Cascata Véu da Noiva ao longe, mas haverá um ponto de vista melhor mais adiante.
No mapa abaixo você consegue visualizar melhor o percurso e o que é o vértice, o extremo direito do Canyon Itaimbezinho, onde tudo começa.
A partir desse trecho, a trilha segue apenas de terra e é preciso um pouco mais de cuidado para não escorregar, especialmente nos dias de chuva.
O próximo mirante é com certeza o melhor ponto de vista para as cascatas. É possível visualizar tanto a Cascata das Andorinhas como a Cascata Véu da Noiva, mais distante.
A caminhada seguiu um pouco adiante onde foi possível avistar a Cascata das Andorinhas de frente.
Com isso, por volta das 12h30 terminamos nosso percurso pelo Parque Nacional de Aparados da Serra e retornamos pela Serra da Faxinal, de volta até a Praia Grande. Ótimo dia, bela vegetação, cascatas e um cenário imponente e cinematográfico.
Dicas:
- Procure fazer as trilhas pela manhã. As possibilidades de nevoeiro (ou chuva) são menores nesse período.
- Ande sempre com protetor solar e repelente, e use! Não faça como eu.
- Se preferir, leve um lanche. No centro de visitantes existem lugares para sentar e gostosas áreas para relaxar e aproveitar a região.
- Apesar do percurso estar indicando ao todo cerca de 4 horas, se você quiser curtir melhor os lugares e fazer descansos maiores, considere um período ainda maior para passar no Parque.
- No roteiro Light Especial oferecido pela Rota dos Canyons, por exemplo, é reservado mais tempo para conhecer o Parque Nacional de Aparados da Serra.
FICHA TÉCNICA:
Título: Parque Nacional de Aparados da Serra | Cânion Itaimbezinho
Direção: Rio Grande do Sul / Santa Catarina
Roteiro: Trilha do Cotovelo (3h) e Trilha do Vértice (1h)
Fotografia: Fábio Pastorello
O melhor: a grandiosidade do canyon impressiona, e as trilhas permitem diversos pontos de vista pelas bordas, inclusive pontos de vista próximos às cachoeiras
O pior: fizemos as duas trilhas em cerca de 3h. Se puder e sobrar tempo (não foi o nosso caso, já que estávamos com outro passeio para fazer no período da tarde), opte por fazer as trilhas em maior duração, a paisagem merece mais tempo para ser apreciada.
Ano: 2013
País: Brasil
Horário: terça à domingo, das 8h às 17h00
Ingresso: R$ 13,00 (estrangeiros) e R$ 6,50 (brasileiros)
Preço Rota dos Canyons (o passeio é vendido em conjunto com a Trilha pelo Interior do Cânion Malacara, que é feita no mesmo dia do Itaimbezinho): R$ 125,00 por pessoa, para grupos com pelo menos 4 pessoas, em transporte da operadora ou R$ 85,00 por pessoa em transporte próprio (inclui guia de turismo, ingresso ao parque, mini-lanche e seguro). No caso de grupos menores, os preços aumentam.
Gênero: Natureza
Avaliação: ★★★★
Parte 3: Cânion Malacara
O almoço é sempre uma hora bem-vinda e paramos em um restaurante de comidinha caseira no bairro de Vila Rosa, já no município de Praia Grande.
O restaurante chama-se Casa Nossa Restaurante Rural. A comida é bem simples. Fiquei encantado com o cuidado das casas pelo caminho que, embora simplesmente, são quase sempre decoradas com flores.
Depois do almoço, seguimos para a entrada da trilha, ainda na Estrada de Vila Rosa.
A trilha do Cânion Malacara fica no Parque Nacional da Serra Geral. O parque foi criado em 1992 e sua principal atração é o Cânion Fortaleza. Para fazer a trilha pela fenda do Malacara, é necessário o acompanhamento de um condutor de ecoturismo credenciado junto ao parque.
A trilha não pode ser realizada em dias de chuva, quando o leito do rio sobe, e é preciso cruzar o rio algumas vezes, por isso o acompanhamento de um guia que conhece a região é necessário para evitar riscos.
O Guilherme, da Rota dos Canyons, nos acompanhou no passeio. Além de guiar o grupo, ele também forneceu ao grupo algumas caneleiras, que ajudam a proteger as pernas durante a trilha, tanto de trombar em pedras como até de picadas de animais peçonhentos.
Nesse início, Guilherme também nos orienta em alguns procedimentos durante a trilha, como não deixar lixo dentro do parque (nem mesmo lixo orgânico) e caminhar sempre junto ao grupo, para não se perder. É hora também de dar uma alongada nas pernas e braços e preparar-se para a caminhada.
Trilha do Malacara
A trilha é considerada de nível moderado a avançado, em virtude do terreno acidentado a percorrer.
A maior parte do tempo você caminha em terreno com pedras, e não terreno plano. Cuidado redobrado para não tropeçar ou torcer o pé. No início da trilha, as pedras ainda são pequenas, mas conforme avançamos pelo interior da fenda do cânion, as pedras vão ficando maiores, e a dificuldade aumenta.
Essa trilha leva cerca de 3 horas ida e volta e é considerada como um preparativo para a trilha do Rio do Boi (no interior do Cânion Itaimbezinho). Ou seja, é o mesmo tipo de trilha, onde você caminhará em terreno acidentado sobre pedras e com o pé molhado a maior parte do tempo.
A diferença é que, segundo Guilherme, a trilha do Malacara possui 1/5 da dificuldade do Rio do Boi (que leva o total de 8 horas para ser percorrida). Outro detalhe é que você deve percorrer a trilha de tênis, não é permitido fazer a trilha de sandálias ou chinelos, muito menos descalço. Esse detalhe me incomodou um pouco, de ter que fazer a trilha com os pés e tênis molhados, mas no final das contas acabou não incomodando tanto.
Apesar desses detalhes, considerei a trilha de nível moderado, somente um pouco cansativa em função de caminhar sobre pedras.
Conforme caminhamos, as pedras vão ficando um pouco maiores. Em alguns trechos do rio, a água está limpa e podemos aproveitar para encher novamente nossas garrafas de água.
Depois de algum tempo de caminhada, já é possível notar como a paisagem se modificada, e começam a surgir pequenas quedas de água.
Isso indica que já estamos chegando nas piscinas naturais, a meta final de nosso passeio.
Apesar do tempo não estar ensolarado, vez por outra o sol aparecia e como a região encontra-se entre montanhas, o calor parece ainda maior do que de costume. Outro fator que influencia a temperatura é estarmos no nível do mar.
Portanto, os momentos em que cruzamos o rio e temos que molhar os pés acabam sendo muito refrescantes. Mas nada se compara a uma deliciosa piscina natural.
E finalmente chegamos na piscina natural do Malacara. Rapidamente tiramos nossas roupas, exceto os tênis, afinal ainda existem pedras aqui na piscina.
A água estava bastante gelada, mas como estava todo mundo com muito calor, ninguém hesitou para entrar na água. E a opinião de todos foi unânime. Aquele foi um dos banhos de piscina natural mais gostosos que experimentamos.
A água é muito transparente e embora fria, foi muito refrescante. Durante o resto da viagem, todo mundo ficou lembrando desse banho de piscina no Malacara.
O retorno foi mais tranquilo e por volta das 16h30 terminamos a trilha. No finalzinho, uma das nossas companheiras de trilha se desiquilibrou e quase caiu na água, sorte que sua irmã segurou ela. Na realidade, a queda não seria tão grande, o problema mesmo foi molhar a câmera fotográfica. Portanto, é bom ficar atento.
Cabe um adendo aqui para nosso primeiro jantar proporcionado pela Rota dos Canyons, na pousada em que ficamos hospedados. Simplesmente delicioso, fechamos o dia com chave de ouro.
FICHA TÉCNICA:
Título: Parque Nacional da Serra Geral | Trilha pelo Interior do Cânion Malacara
Direção: Praia Grande / Santa Catarina
Roteiro: Estrada da Vila Rosa e Trilha do Malacara
Fotografia: Fábio Pastorello
O melhor: a piscina natural no final da trilha, é com certeza o exemplo do lugar certo no momento certo
O pior: ter que secar os tênis depois da trilha, é bem levar um par extra para os passeios do dia seguinte
Ano: 2013
País: Brasil
Horário: todos os dias, das 8h às 17h00 (em dias de muita chuva a entrada é proibida)
Preço Rota dos Canyons (o passeio é vendido em conjunto com a Trilha pelo Interior do Canyon Malacara, que é feita no mesmo dia do Itaimbezinho): R$ 125,00 por pessoa, para grupos com pelo menos 4 pessoas, em transporte da operadora ou R$ 85,00 por pessoa em transporte próprio (inclui guia de turismo, ingresso ao parque, mini-lanche e seguro). No caso de grupos menores, os preços aumentam.
Gênero: Natureza
Avaliação: ★★★★
Parte 4: Cânion Fortaleza
Começar o dia com um café da manhã caprichado é essencial para que o dia de trilhas e caminhadas seja perfeito. Só não vale exagerar na comida, senão é peso a mais para carregar.
Nosso caminho seria subir a Serra do Faxinal, o mesmo caminho que fizemos para o Cânion Itaimbezinho.
Dessa vez, no entanto, continuaríamos viagem, pois o Parque Nacional da Serra Geral fica além do Aparados da Serra. A viagem atravessa o município de Cambará do Sul. Após Cambará do Sul, a viagem ainda percorre 22 km.
A estrada tem vários trechos de chão, que em dias de chuva podem se tornar complicados. Apesar disso, o acesso pode ser realizado de carro próprio, táxi ou agências de turismo. O trajeto leva pouco mais de 1 hora até chegarmos na entrada do Parque Nacional da Serra Geral.
Parque Nacional da Serra Geral
O Parque Nacional da Serra Geral é uma unidade de conservação ambiental criado em 1992 e vizinho ao Parque Nacional de Aparados da Serra. Com 17.300 hectares (o Aparados possui 10.250 hectares), é nele que fica a entrada para o Cânion Fortaleza, nosso passeio daquele dia, além de outros cânions como o Malacara, o Índios Coroados e o Churriado.
Para visitá-lo, existem três trilhas de visitação. São elas: Trilha do Mirante, Trilha da Cachoeira do Tigre Preto e Trilha da Pedra do Segredo. Na Trilha do Mirante avista-se a maior parte da extensão do Fortaleza, enquanto nas outras duas a extensão que se avista é pequena.
Trilha do Mirante e Borda do Cânion
A trilha tem cerca de 3 km ida e volta e é percorrida em cerca de 2 horas. A caminhada é bem tranquila, em terreno em sua maior parte plano. Não é possível entrar com veículos.
O impacto ao encontrar o Cânion Fortaleza é impressionante. A fenda do Fortaleza é maior do que a do Itaimbezinho, e durante a caminhada é possível visualizar praticamente toda a sua extensão, de cerca de 7,5 quilômetros. O desafio aqui é conseguir através de uma fotografia, registrar toda a grandiosidade do lugar.
Assim como o Itaimbezinho, aqui também se avista uma cachoeira, o que contribui para que o cenário seja ainda mais bonito e cinematográfico.
A trilha continua. Começamos a subir um trecho ligeiramente íngreme, que nos levaria até o mirante que dá nome à trilha. É incrível como a cada momento que percorremos a trilha, os pontos de vista parecem melhores, dá vontade de parar em todos os momentos e cada vez mais o ângulo para o canyon parece melhor. Resultado: acabei ficando sempre para trás na trilha. 🙂
Finalmente, chegamos no ponto mais alto da trilha (1.167 metros de altura), onde além da vista para o próprio Cânion Fortaleza, é também possível avistar (em dias claros e sem nuvens) as planícies do estado de Santa Catarina e até mesmo o litoral do Rio Grande do Sul e cidades como Torres.
É hora de descansar e curtir o visual. Momento ideal para várias fotos com essa bela paisagem ao fundo.
Trilha da Cachoeira do Tigre Preto e Pedra do Segredo
Depois da Trilha do Mirante, hora de pegar a segunda trilha, em direção da Cachoeira do Tigre Preto. A trilha possui praticamente a mesma extensão da outra, mas dessa vez o que vemos é uma extensão bem menor do cânion.
Inicialmente, é preciso atravessar a cachoeira por cima. Algumas pedras permitem que o trajeto possa ser atravessado, mas vez por outra é preciso molhar um pouco os pés. Por isso, a recomendação é ir com tênis que possam ser molhados ou tirá-los nessa parte da travessia. Esse é o momento com maior dificuldade da trilha, e garante um pouco mais de adrenalina.
Após atravessar a cachoeira, a caminhada continua. O objetivo é ver a cachoeira de frente. A bela cascata tem quatro quedas.
Apesar disso, o caminho pelas bordas do cânion também é muito interessante e garante a contemplação de ainda belos cenários.
O último destino é a Pedra do Segredo. Uma pedra de cinco metros de altura e trinta toneladas se equilibra por uma pequena base. O fênomeno é curioso, mas a pedra realmente foi o ponto menos interessante do dia.
Caminhar pelas bordas do Cânion Fortaleza foi uma das experiências mais interessantes dessa viagem. Toda a beleza de uma natureza imponente tornam difícil transpor em fotografias toda a emoção que você vivencia no local. Com certeza, um dos pontos altos da visita aos Aparados da Serra.
Depois da caminhada pelas trilhas do Cânion Fortaleza, era hora de almoçarmos.
A escolha foi o restaurante Galpão da Costaneira, com uma comida campeira e ambiente rústico, todo construído em madeira. Um detalhe interessante é que bilhetes dos visitantes são deixados sob as mesas. No restaurante também existe o comércio de produtos coloniais.
No retorno para Praia Grande, descendo a Serra do Faxinal, fomos brindados com um lindo arco-íris descendo sobre a cidade catarinense. Um lindo final para um dia espetacular.
FICHA TÉCNICA:
Título: Parque Nacional da Serra Geral | Cânion Fortaleza
Direção: Cambará do Sul/RS
Roteiro: Serra do Faxinal, Cambará do Sul e Parque Nacional da Serra Geral
Fotografia: Fábio Pastorello
O melhor: durante a Trilha do Mirante, contemplar quase toda a extensão do canyon é impressionante
O pior: a Pedra do Segredo fica um pouco distante para visualização e, embora seja um fênomeno curioso, não desperta muito interesse
Ano: 2013
País: Brasil
Horário: todos os dias, das 8h às 17h00
Preço Rota dos Canyons: R$ 140,00 por pessoa, para grupos com pelo menos 4 pessoas, em transporte da operadora ou R$ 60,00 por pessoa em transporte próprio (inclui guia de turismo, mini-lanche e seguro). No caso de grupos menores, os preços aumentam.
Gênero: Natureza
Avaliação: ★★★★★
Fontes:
- Rota dos Canyons – A Região: http://www.rotadoscanyons.com.br/a-regiao
- Caminho dos Canyons: http://www.caminhodoscanyons.tur.br/
- Everytrail – Trilha do Vértice: http://www.everytrail.com/view_trip.php?trip_id=2127846
Nota: A nossa hospedagem e passeios nos Aparados da Serra foram uma cortesia da Rota dos Canyons, mas as opiniões aqui expressas indicam a livre expressão do autor.
9 Comentários
É possível ir de carro até o canyon itaimbezinho?
Oi, Fabio. Sei que o post é antigo, mas você tem noção de quantos dias seriam necessários para conhecer essa região?
Olá Juliana, para conhecer os principais destinos no mínimo quatro dias!
Abraços
Que legal, Linhares. Empolgação é ótimo! Que bom que meus roteiros puderam te ajudar, volte sempre. Abração.
Fico empolgadaço com tudo. Fiz uma viagem pelo nordeste e alguns roteiros teus me ajudaram bastante 🙂
Olá, Thiago. Muito obrigado pelo comentário, a região vale muito a pena, pretendo voltar numa segunda ocasião pois ainda ficaram vários lugares para conhecer. Essas wishlists sempre são grandes, né, e mesmo quando a gente conhece os lugares, eles entram para as listas do "quero voltar". rs. Abraços.
Que notícia legal, Natalie. A #Viajosfera é sempre um estímulo para o meu trabalho. Um super abraço.
Moro aqui na região de Blumenau e estou me aguentando para não me aventurar por esse local na Páscoa ou no Carnaval. Está na minha wish list há mais de 2 anos e logo farei o desbravamento. Parabéns pelo post que está muito completo e servirá de base para quando visitar os canyons.
Oi, Fábio. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia