Será que compensa levar tudo em espécie ou seria melhor deixar para fazer gastos no cartão de crédito?
Com o aumento do IOF, será que os cartões de crédito e débito ainda valem a pena para viagens ao exterior?
Confesso que sempre apanho um pouco nessas questões, por pura preguiça mesmo de pensar sobre o assunto e também pela praticidade que os cartões representam. Mas dessa vez decidi colocar tudo na ponta do lápis e me debruçar para ver se consigo finalmente resolver essa questão.
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Gastos no Exterior | Como levar dinheiro para a Europa: moeda em espécie ou cartão de crédito / pré-pago
Planejamento da Viagem – Europa
Foto: Shutterstock |
Antes de viajar para a Europa e com as recentes mudanças no IOF para cartões de crédito e débito, ficamos novamente na dúvida se era melhor levar dinheiro em espécie ou utilizar o cartão de débito/crédito no exterior.
Sempre preferi utilizar os cartões de crédito para as compras e gastos no exterior. Primeiro por causa do acúmulo de milhas. Segundo pela praticidade. Terceiro porque o cartão trabalha com o dólar comercial e, portanto, seria uma taxa mais vantajosa do que o dólar turismo nas casas de câmbio.
O aumento do IOF de 0,38% para 6,38% mudou essa situação e assustou muita gente que abandonou até os cartões de viagem pré-pagos, até então os grandes queridinhos dos turistas (e dos bancos, que empurravam esse produto aos seus clientes).
O aumento da procura por moeda em espécie aumentou 40%, informa artigo do Globo em janeiro de 2014.
Diferença nas taxas de câmbio entre moeda em espécie e cartão de crédito
Antes de viajar (em abril) consultei algumas casas de câmbio e bancos para verificar a taxa de conversão que eles estavam operando. A média em abril/2014 era de 3,35 + 0,38% de IOF. Ou seja, caso eu decidisse levar € 1.000,00, pagaria R$ 3.350,00 + R$ 12,73 (IOF) = R$ 3.362,73.
Taxas do Cartão de Crédito
Quando você faz compras no cartão de crédito em outra moeda que não o dólar, eles pegam esse valor e convertem em dólares, para depois converter novamente em reais. Imagino que estejamos perdendo 2x nessas conversões.
Enfim, os US$ 180,73 foram convertidos em R$ 422,94 (dólar de conversão de 2,34, a taxa de conversão do euro para o dólar não é informada). Também foram cobrados R$ 26,98 de IOF (6,38%).
Outra coisa para ficar atento é que as taxas das operadoras de cartão de crédito variam com um ágio de até 7% comparado ao dólar comercial. Veja a comparação feita pelo site Melhores Destinos.
Ou seja no final das contas: os € 129,98 da compra foram convertidos em R$ 422,94. Dividindo um pelo outro, chegamos a uma taxa de conversão do euro para o real de 3,25.
Confiram as contas finais para ver como ficamos. Apesar da taxa de conversão ser menor do cartão de crédito, o IOF torna a despesa mais cara no cartão de crédito. Ou seja, cheguei à conclusão óbvia: o melhor era mesmo fugir do cartão de crédito por causa do IOF. Mas a diferença não se revelou tão significativa.
OPERAÇÃO
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VALOR EM EURO
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TAXA
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VALOR EM REAL
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IOF
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VALOR FINAL
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Dinheiro em Espécie
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€ 1.000,00
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3,35
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R$ 3.350,00
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R$ 12,73
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R$ 3.362,73
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Gasto no Cartão de Crédito
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€ 1.000,00
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3,25
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R$ 3.250,00
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R$ 207,35
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R$ 3.457,35
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Compra em Espécie
Como bem salienta artigo da seção de economia do UOL, nas casas de câmbio é possível negociar a taxa de câmbio, coisa que não acontece nos cartões de crédito. Por isso, a compra em espécie é defendida nessa matéria.
É possível também escolher a data que você irá efetuar a compra na casa de câmbio, acompanhando assim as altas e baixas na cotação.
No cartão de crédito, você fica suscetível à data de fechamento da fatura e torcer para que nesse dia a taxa esteja baixa.
Isso sem contar a falta de transparência na conversão de outras moedas para o dólar.
Qual o meio mais seguro?
Se você for roubado, não há forma de recuperar o dinheiro. No caso de um cartão, é possível bloquear o cartão e impedir novos gastos. No caso do cartão pré-pago, essa vantagem se mantém e a reemissão de um cartão pré-pago leva 72 horas, é o que informa um artigo do portal Exame.com.
Portanto, se consideramos a praticidade e a segurança, os cartões ainda são as melhores formas de levar dinheiro ao exterior.
Se considerarmos a economia, no entanto, levar dinheiro em espécie é a melhor opção.
Cabe a cada um avaliar se a diferença de gastos no final das contas compensa a questão de segurança. A diferença de uma forma para a outra é de pouco mais de R$ 100,00. Ou seja, você está disposto a pagar R$ 100,00 a mais (supondo que você gaste US$ 1.000,00), pela segurança do uso do cartão?
Um artigo do Estadão apresenta algumas outras alternativas, que incluem até abrir uma conta corrente no exterior. Eu pessoalmente não quero ter esse trabalho de administrar mais uma conta corrente, ainda mais no exterior.
Foto: Sean MacEntee. Creative Commons 2.0. |
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E o cartão pré-pago: vale a pena?
Sempre tive um pouco de resistência em relação ao pré-pago. Agora me informando como ele funciona, minhas resistências aumentaram.
Além da cotação ser maior do que o dinheiro em espécie, a emissão e manutenção de um cartão pode significar custos extras. Em pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste, eles verificaram que alguns cartões cobram taxas de emissão, mensalidade e taxas de recarga.
Outra desvantagem é que o cartão só pode ser recarregado em uma moeda. Ou seja, viajando para os Estados Unidos, você deve carregar o cartão em dólar. Depois se pretende ir para Europa e carregá-lo em euros, terá que adquirir outro cartão.
Para as moedas de pouca circulação no Brasil (como mencionamos acima o Franco Suíço ou o Peso Mexicano) novamente ainda que você consiga carregar essa moeda no seu pré-pago (não são todos os cartões que trabalham com essa possibilidade, a maioria só disponibiliza em euro, dólar e libra), as taxas não serão muito vantajosas.
Veja essas e outras informações no esclarecedor artigo do Viaje na Viagem.
De qualquer forma, ainda continuo resistente ao cartão pré-pago e se for para utilizar um cartão, que seja o cartão de crédito, dessa forma pelo menos acumulo milhas.
Foto: Tax Credits. Creative Commons 2.0. |
Dicas
- Evite situações em que seja necessário mais de uma conversão da moeda (exemplo: você compra no cartão de crédito em euro, ele converte em dólar e depois em real). Em geral essas situações implicam em dupla desvantagem.
- Em alguns casos, é difícil encontrar moedas estrangeiras no Brasil, como o franco suíço (Suíça) ou o peso mexicano (México). Nesse caso, não dá pra fugir muito da dupla troca de moedas. Você precisa trocar de real para dólar (ou euro) no Brasil e depois dessa moeda para a moeda local assim que chegar no exterior. Nesse caso, levar em espécie pode não ser tão vantajoso.
- Uma alternativa para destinos com moedas não operadas no Brasil é fazer um saque com o cartão de débito ou crédito em um caixa eletrônico, assim que chegar no exterior. Não se esqueça de desbloquear o cartão para operações internacionais antes da viagem. Para isso, é preciso entrar em contato com a operadora do cartão de crédito ou via internet no banco emissor.
- Pesquise qual a taxa de conversão do seu cartão de crédito. Talvez seja recomendável você fazer um cartão em outra operadora, mesmo considerando pagar taxa de anuidade.
- Procure distribuir a compra da moeda em espécie em diferentes dias, assim você minimiza possíveis oscilações no câmbio da moeda. Como o mercado de câmbio é muito imprevisível, o melhor é apostar em diferentes datas.
No final das contas, levamos parte do dinheiro em espécie e o restante efetuamos os pagamentos no cartão de crédito. E para vocês, qual é a melhor solução?
Espero que minha experiência seja útil e esse espaço está aberto para trocarmos ideias sobre o assunto. Deixe sua contribuição, dúvida e/ou experiência pessoal na caixa de comentários.
16 Comentários
Creio que sim. Mas de todas as vezes que eu fui para lá, nunca ninguém me questionou isso. Mas por via das dúvidas, melhor se garantir.
Então independente do tempo que eu passe lá, o mínimo é 600 euros em espécie? o resto posso levar em cartão de crédito.
Olá, o mínimo exigido é de 60 euros por dia de permanência, por pessoa. Há também a exigência que o valor não seja menor do que 600 euros, indepedente do tempo de permanência.
Estou com uma duvida sobre a quantidade permitida de dinheiro para entrar na Europa, estava lendo um artigo que existe um valor mínimo para poder entrar por causa da imigração, como pretendo regularizar meu processo de cidadania na Itália eu gostaria de saber se existe um valor para poder entrar no país.
Olá Caetano. Uma boa dica é fazer um saque com o seu cartão (de débito ou crédito) assim que chegar na Inglaterra, o dinheiro já é entregue em moeda local. Isso vale também para qualquer país onde seja um pouco mais difícil encontrar a moeda no Brasil.
Outra opção é procurar o Ranking do VET no site do Banco Central. Ele compara todas as taxas operadas pelas casas de câmbio no Brasil. >>> https://www3.bcb.gov.br/rex/vet/index.asp
Abraços.
Onde comprar a libra esterlina mais barato?
Olá, Claudio. Que bom que o blog te ajudou, boa viagem!!! Abraços.
Olá Fabio,
muito bom seu post, estou com uma viagem marcada para a proxima semana rumo a europa e estava com essa duvida, entao decidi levar parte do dinheiro 450 Euros em especie e o restante vou deixar no cartao de credito.
Obrigado!
Pois é, essa taxa acaba não compensando muito. Obrigado por compartilhar sua experiência.
Ótimas dicas!
Embarcarei próxima semana para Zoropa e estava realmente em dúvida entre fazer câmbio ou utilizar os cartões. Ano passado utilizei o travel money (débito pré-pago), porém com o aumento do IOF de 0,38 para 6,38% nessa operação tornou-se desvantajosa a utilização. Além do que, meu banco cobra taxa de R$ 40 por recarga.
Obrigado pelas informações.